quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Charles-Louis de Montesquieu

Charles-Louis de Monstesquieu (1689 – 1755): Montesquieu defendia a divisão do poder em três: Poder Executivo (órgão responsável pela administração do território e concentrado nas mãos do monarca ou regente); Poder Legislativo (órgão responsável pela elaboração das leis e representado pelas câmaras de parlamentares); Poder Judiciário(órgão responsável pela fiscalização do cumprimento das leis e exercido por juízes e magistrados). As leis escritas ou não, que governam os povos, não são fruto do capricho ou do arbítrio de quem legisla. Ao contrário, decorrem da realidde social e da História concreta própria ao povo considerado. Não existem leis justas ou injustas, o que existe são leis mais ou menos adequadas a um determinado povo. Distingue três formas de governo: Monarquia: soberania nas mãos de uma só pessoa (monarca) Despotismo: soberania nas mãos de uma só pessoa, a vontade do déspota é soberana. República: soberania está nas mãos de muitos (de todos = democracia, ou de alguns = aristocracia). Essas três formas de governo podem se corromper: o princípio da democracia se corrompe não somente quando se perde o princípio da igualdade, mas também quando se difunde um espírito de igualdade extrema, com cada qual pretendendo ser igual àqueles que escolheu para comandá-lo. O verdadeiro espírito de igualdade está tão distante do espírito de extrema igualdade quanto o céu está distante da terra. Quando o príncipe, longe de fazer seus súditos viverem felízes, pretende sufocá-los e oprimí-los, deixa de ter valor qualquer razão para obedecer-lhe, o povo não está mais ligado a ele podendo tirar-lhe o poder. O poder ilimitado não pode ser considerado legítimo, precisamente porque a sua origem não pode ter sido legítima. Nós não temos o poder ilimitado sobre a nossa própria vida, assim sendo o poder ilimitado não é natural. A liberdade política não consiste de modo algum em fazer aquilo que se quer. Em uma sociedade na qual existem leis, a liberdade não pode consistir em poder fazer aquilo que se deve querer e em não ser obrigado a fazer aquilo que não se deve querer. A liberdade é o direito de fazer tudo aquilo que as leis permitem. A diferença entre as grandes nações e os povos selvagens se reduz ao fato de que aquelas se aplicam às artes e as ciências, ao passo que estes as negligenciam totalmente. As ciências são úteis porque libertam os povos de perniciosos preconceitos. As disputas religiosas são provocadas pelos intolerantes que não acatam nenhuma razão mandando queimar pessoas como se fossem um punhado de galhos secos. Não são as multiplicidades das religiões que produzem as guerras, mas sim o espírito de intolerância próprio das seitas que se consideram dominantes. O papa consegue fazer o povo acreditar que três e um são a mesma coisa, que o pão que come não é pão ou que o vinho que se bebe não é vinho e mil outras coisas desse gênero. O papa, chefe dos cristãos é um velho ídolo incensato e outrora os próprios príncipes o temiam, mas agora o seu poder acabou. Célebre é a sua frase: “A pessoa que fala sem pensar, assemelha-se ao caçador que dispara sem apontar e quanto menos o ser humano pensa, mais ele fala”.

François- Marie Arouet (Voltaire)

François- Marie Arouet (Voltaire) (16954 – 1778): Não existe nenhuma dúvida de que Deus existe e Ele é o grande engenheiro que idealizou, criou e regulou o sistema do mundo. Deus existe porque existe a ordem do mundo. A existência de Deus é atestada pelas simples e sublimes leis em virtude das quais os mundos celestes correm no abismo dos espaços. Deus existe e a proposição contrária é a coisa mais veossimil que os seres humanos podem pensar. A ordem do universo não é derivada do acaso e existe uma inteligência admirável responsável pela ordem e criação de tudo que existe. A existência de Deus não é artigo de fé, mas sim resultado da razão. A fé consiste em crer, não naquilo que parece verdadeiro, mas naquilo que parece falso para o nosso intelecto, assim sendo, a fé é apenas superstição. A superstição consiste em adotar práticas inúteis como se fossem práticas indispensáveis.Deus existe e também existe o mal. A religião consiste na adoração a Deus e na justiça, fazer o bem é o verdadeiro culto religioso e também defender o oprimido. O mal está nas guerras, nas opressões, na intolerância, nas superstições cega, nas doenças, nas arbitrariedades, na estupidez, nas roubalheiras e nas catástrofes naturais. Todos nós estamos prenhes de fraqueza e de erros, sendo que a tolerância é nos perdoar receprocamente. O nosso conhecimento é limitado e nós estamos sujeitos ao erro, nisso reside a razão da tolerância recíproca. Nós devemos nos tolerar mutuamente, porque somos todos fracos, incoerentes,sujeitos à inconstância e ao erro. Tirano é aquele soberano que não conhece outras leis além dos seus caprichos,que se apropria dos haveres dos seus súditos e depois os alista em sua guarda para que vão tomar os bens dos vizinhos. A discórdia é a grande peste do gênero humano e a tolerância é o seu único remédio. A fraqueza da nossa razão e a insuficiência das nossas leis se fazem sentir todos os dias, mas a sua miséria fica mais do que nunca evidente quando um só voto manda um cidadão para a pena de morte. O melhor meio para diminuir o número de maníacos é confiar essa doença do espírito ao regime da razão, que lenta mas infalivelmente ilumina os homens. Essa razão é doce e humana, inspira à indulgência, sufoca a discórdia e consolida a virtude, torna a obediência às leis mais agradáveis do que a força pode asseegurar a sua observância. O grande princípio universal é não fazer ao próximo o que não gosta que fosse feito a você. O direito da intolerância é absurdo e bárbaro sendo o direito dos tigres. Não importava o tamanho de um monarca, deveria, antes de punir um servo, passar por todos os processos legais, e só então executar a pena, se assim consentido por lei. Se um príncipe simplesmente puni de acordo com o seu bem-estar, é apenas mais um salteador de estrada ao qual se chama de 'Sua Majestade. Devemos nos submeter ao domínio da lei, baseava-se em sua convicção de que o poder devia ser exercido de maneira racional e benéfica. As pessoas comuns estão curvadas ao fanatismo e à superstição. A sociedade deve ser reformada mediante o progresso da razão e o incentivo à ciência e tecnologia. Devemos lutar desesperadamente pela liberdade de imprensa, sistema imparcial de justiça, tolerância religiosa, tributação proporcional e redução dos privilégios da nobreza e do clero.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Paul Heinrich Dietrich

Paul Heinrich Dietrich (1725 – 1789). O homem é obra da natureza, existe na natureza, está submetido às suas leis, não pode se libertar delas e, nem mesmo com o pensamento, pode sair delas; é em vão que a sua inteligência tenta ultrapassar os limites do mundo visível, pois sempre é obrigado a eles retornar. Para um ser formado pela natureza e por ela circunscrito, não existe nada além do grande todo do qual é parte e do qual sofre influência. Os seres que se supõem existirem acima da natureza ou, de todo modo, diferentes dela não passam de mentiras inventadas pelo ser humano. Não ha e não pode haver nada fora dos limites que encerram todos os seres. O ser humano é puramente físico e suas ações visíveis, bem como os movimentos invisíveis excitados em seu interior, provenientes da vontade ou do pensamento, são igualmente efeitos naturais, consequências necessárias do seu mecanismo específico e dos impulsos que recebe dos seres pelos quais é circundado. Por causa de sua ignorância os seres humanos criaram deuses os quais se tornaram os únicos objetos de suas esperanças e dos seus temores. Os seres humanos não se deram de modo algum conta de que a natureza, desprovida tanto de bondade como de maldade, nada mais faz do que seguir leis necessárias e imutáveis. Os conceitos teológicos não possuem nenhuma realidade, são palavras vazias de sentido, fantasmas criados pela ignorância e modificados por uma imaginação doente. Os conceitos teológicos foram e continuam sendo idéias danosas para a humanidade. O homem está dentro da natureza e na natureza somente existem causas e efeitos naturais, consequentemente não tem sentido falar de uma alma e da liberdade do ser humano. As ações do ser humano nuca são livres; elas são sempre consequências necessárias do seu temperamento, de suas idéias adquiridas, das noções verdadeiras ou falsas que possuem em torno da felicidade, em suma, de suas experiências de cada dia. A sociedade nada mais é do que um conjunto de indivíduos, reunidos por suas necessidades, com o objetivo de colaborar para a conservação e a felicidade comuns.

Condillac

Condillac (1714 -1780). O corpo é a causa do conhecimento e dos sentidos nasce todo o sistema que engloba o juízo, a reflexão, as paixões, todas as operações da alma. Quando temos uma impressão que se exerce sobre os sentidos, estamos diante de uma sensação propriamente dita. A sensação é o fundamento do nosso conhecimento e podemos dizer que o conhecimento é sensação transformada. O desejo possui sua origem nas sensações e do desejo nascem as paixões, o amor, o ódio, a esperança, o temor, a vontade. A única fonte da inteligência são as sensações. Utiliza o exemplo de uma estátua para mostrar que os sentidos e as sensações são as bases para o conhecimento. Dando a uma estátua o sentido do olfato e fazendo-a sentir o perfume de uma rosa, logo gera a atenção na estátua: ao primeiro odor, a capacidade de sentir está inteiramente voltada para a impressão que se produz no seu órgão; então a estátua começa a gozar e sofrer, pois, se a capacidade de sentir está voltada para um odor agradável, é prazer, mas, se está toda voltada pra um odor desagradável, é dor. Surge na estátua a memória, já que o odor que a estátua sente não lhe escapa inteiramente quando o corpo odoroso deixa de agir sobre o seu órgão. A estátua sentirá outros cheiros e os comparará, formando juízos, além de poder também imaginar. As sensações percebidas através dos sentidos, a estátua aumenta o seu conhecimento e suas idéias tornam-se mais extensa e variada. Os desejos e gozos da estátua se multiplicam. Quando a estátua estende suas mãos sobre um corpo estranho, essa sensação permite-lhe descobrir o mundo externo, ao qual pode atribuir a causa das sensações. As sensações captadas pelos sentidos são os responsáveis pelos desejos, pela conduta e para formar a sua felicidade ou infelicidade. O conjunto dos conhecimentos, longe de ser inato, se vai construindo com base nas sensações. É das sensações que nasce todo o sistema do ser humano: um sistema completo, cujas partes estão todas ligadas e se sustentam receprocamente.

Claude-Adrien Helvetius

Claude-Adrien Helvetius (1715 – 1771): Os sentidos produzem todas as nossas idéias. A memória não pode ser senão um dos órgãos da sensibilidade física: o princípio sensível em nós deve ser necessariamente também o princípio da memória, porque recordar nada mais do que recordar das impressões recebidas. A sensação é o fundamento de toda a vida material. A inteligência nada mais é que o conjunto mais ou menos numeroso de idéias. Não existe qualquer faculdade especial de reflexão que não seja fundamentada nas sensações. As boas ações são aquelas que são úteis as pessoas. Todos os comportamentos humanos são fundamentados nos seus interesses. Através da educação os seres humanos são levados a fazer com que seus interesses individuais coincidam com os interesses da coletividade.

Julien Offroy de La Mettrie

Julien Offrou de La Mettrie (1709 – 1751). A natureza da alma, do ser humano e dos animais é e será sempre tão desconhecida quanto à natureza da matéria e dos corpos. O ser humano é uma máquina tão complexa que é impossível ter dela uma idéia à primeira vista e, consequentemente, poder defini-la. Todas as pesquisas realizadas pelos maiores filósofos sobre a natureza da alma e sobre a natureza da matéria foram pesquisas ou dizeres inúteis. A alma nada mais é do que uma palavra vazia, à qual não corresponde nenhuma idéia e da qual um homem razoável não deve se servir senão para designar a parte pensante em nós. Todos os fenômenos psíquicos são explicados através dos efeitos e mudanças orgânicas, no cérebro e no sistema nervoso. O corpo físico do ser humano é uma máquina que funciona mediante uma mecânica metabólica. É o próprio corpo do ser humano que programa a vida do corpo. Cada indivíduo desempenha seu papel na vida que foi determinado pelos mecanismos propulsores da máquina, assim sendo os indivíduos deixam de ser personagens em um teatro divino apra serem sisemas mecânicos autodeterminados. A celebração dos prazeres sensuais da vida levaram La Mettrie a uma morte prematura.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pierre Bayle

Pierre Bayle (1647 – 1706). É ilusão pretender que uma opinião que se transmite de século e de geração em geração não possa ser totalmente falsa, muitas opiniões que perpetuam de pai para filho não encontram nenhum apóio na razão. Diante das opiniões falsas temos a afirmação que o ateísmo é imoral, esquecendo que pode existir uma sociedade feita de ateus perfeitamente harmonizada com a moral. Diz que não existe um plano pré-estabelecido e sabiamente ordenado para os acontecimentos nos níveis macro, meso e microcosmo. Diante das incertezas o papel do historiador é buscar a verdade do fato e por amor a verdade factual deve esquecer que pertence a dado país, que foi educado em determinada fé, que deve reconhecimento a alguém, não estando a serviço do imperador nem do rei, mas, exclusivamente a serviço da verdade.

Jean Baptiste Le Rond d’Alembert

D’Alembert (1717 – 1783). O nosso conhecimento é dividido em diretos e reflexos. Diretos são aqueles que recebemos imediatamente, sem qualquer interferência da nossa vontade e conhecimento reflexo é aquele que o espírito possui operando sobre o conhecimento direto, unindo-os e combinando-os. Todos os conhecimentos diretos se reduzem àqueles que recebemos dos sentidos. Todas as nossas idéias possuem origem nos nossos sentidos. O verdadeiro princípio de toda ciência deve ser buscado nos fatos e nas sensações. A razão jamais deve abandonar o seu contato com os fatos e a ciência deve estar enfocada nos fatos. A filosofia não deve se perder atrás das propriedades gerais do ser, da natureza e nas suas abstrações inúteis, assim sendo, a filosofia deve ser a ciência dos fatos. Existe Deus que elaborou as leis do universo e podemos compreender a existência de Deus estudando as leis imutáveis que dominam a natureza elaborada por Deus. A inteligência suprema colocou diante de nossa fraca vista um véu que procuramos em vão afastar e devemos concluir que nunca desvelaremos as questões metafísicas.

Denis Diderot

Denis Diderot (1713 – 1784). Nós nos lançamos sem trégua contra as paixões, no entanto, somente as grandes paixões podem levar o espírito a grandes coisas. Sem as paixões não existe o desenvolvimento nos costumes, nas obras e nas artes. As paixões moderadas produzem homens comuns, as paixões reprimidas degradam os homens e suprimir as paixões é o cúmulo da loucura. O não desejar, não amar e não sentir nada é a vida de um grande monstro. Devemos estar seguro que não existe nada depois da morte e o pensamento da existência de Deus é aterrorizante. O mundo é apenas matéria em movimento gerando coisas que se repelem e desaparecem, assim sendo tudo é efêmero. Exalta a dúvida elogiando o verdadeiro cético.