quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Johannes Kepler

Johannes Kepler (1571 – 1630). Viveu em uma época em que agravavam as lutas entre católicos e protestantes. Kepler, embora protestante acreditava que essas lutas eram absurdas. Permaneceu na situação de liberdade e imputava as rivalidades como sendo loucura dos seres humanos, arrogância dos teólogos. No final do ano de 1600, mais de um milhão de cidadãos foram expulsos da Estíria (atualmente é uma província da Eslovênia) e Kepler escreve que nunca teria acreditado que milhares de pessoas deveriam suportar tanto sofrimento, abandonar a casa e os amigos e perder os próprios bens por motivos religiosos e em nome de Cristo. Kepler era um místico neoplatônico, para quem o Sol é o corpo mais belo e o “olho do mundo”. Levou para dentro da ciência a luneta, um instrumento que então era visto como objeto indigno dos filósofos e salienta que a luneta é importante porque amplia os horizontes da filosofia: “o sábio tubo ótico é preciso como um cetro: quem observa com ele torna-se um rei e pode compreender a obra de Deus”. Kepler foi um neoplatônico matemático que acreditava na harmonia do mundo e que a natureza era ordenada por regras matemáticas, que é função do cientista descobrir as referidas leis. Possuía a fé platônica de que uma Razão matemática divina presidia à criação do mundo. Deus é matemático. E o trabalho de Kepler consistiu precisamente em buscar as harmonias matemáticas e geométricas do mundo criado por Deus. Kepler introduziu a forma elíptica no lugar do plurissecular dogma da circularidade e uniformidade dos movimentos planetários operando uma profunda e revolucionária reviravolta no interior da própria revolução copérnicana. As órbitas dos planetas são elípticas. Kepler descreve como chegou à elaboração de suas leis: há um problema; elabora-se toda uma série de conjecturas como tentativas de solução do problema; desencadeia-se o mecanismo da prova seletiva sobre essa gama de conjecturas; descartam-se todas as hipóteses que não se sustentam ao crivo das observações; finalmente, chega-se à teoria justa.

Galileu Galilei

Galileu Galilei (1564 – 1642). Apontou a luneta para o céu. Para nós, isso parece um ato simples, razoável e normal, mas, naquela época, para a maior parte dos sábios, aponta a luneta para o céu era um ato irracional. Transformou a luneta de um instrumento sem significado científico em um elemento decisivo do saber. O acréscimo à multidão das estrelas fixas, visíveis a olho nu, de outras inumeráveis estrelas jamais vistas antes. O universo tornou-se maior. À medida que o céu ampliava, devido novos estudos, caia aos pedaços a concepção do mundo aristotélico-ptolomaica. Galileu efetuava observações importantes para o fortalecimento da doutrina de Copérnico. Descobre as manchas do Sol e demonstra que todos os planetas recebem a luz do Sol e todos os planetas são escuros. As estrelas são por si mesmas muito luminosas, não tendo necessidade da irradiação do sol. A propósito das manchas solares foi o funeral da teoria aristotélica, pois diziam que o Sol era imutável e perfeito. Galileu mostrou que as manchas solares eram decorrências das irregularidades do Sol.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Nicolau Copérnico

Nicolau Copérnico (1473 – 1543). Quando Copérnico iniciou os seus estudos os seus contemporâneos aceitavam o sistema aristotélico como descrição verdadeira do sistema do mundo e o sistema ptolomaico como instrumento de cálculo para explicar e prever os movimentos celestes, permanecendo a idéia da imobilidade e a centralidade da Terra, a perfeição do movimento circular e a finitude do universo. Deus havia criado um universo em função do homem, colocando no centro do universo inteiro. Copérnico não aceitou passivamente o conhecimento cultural da época. Copérnico situou o Sol ao invés da Terra no centro do mundo e afirmou que a Terra gira ao redor do Sol e não o contrário. Deslocou a Terra do centro do universo e mudou também o lugar do homem no cosmos. A Revolução astrológica implicou também uma revolução filosófica. Ao deslocar a posição da Terra, também retirou o homem do centro do universo. A teoria copernicana tornou-se um centro focal das terríveis controvérsias no campo religioso, filosófico e das doutrinas sociais. O homem se libertou da ilusão de estar no centro do universo e, com ela, libertou-se também de muitos outros mitos com os quais havia tecido o seu saber. Copérnico ousou ir contra a opinião adquirida pelos matemáticos e pelo próprio senso comum.
Além dos cálculos e observações rigorosas, encontra-se em Copérnico o eco do culto solar. Por força das temáticas neoplatônicas realiza muitos cálculos e ordena muitas observações. Em Bolonha, Copérnico foi discípulo de Domenico Maria Novara, que era ligado à escola neoplatônica de Florença. Além de Novara, Copérnico havia estudado os neoplatônicos, entre os quais Proclo, e, acreditava na matemática como a chave para a compreensão do universo. Na opinião dos neoplatônicos, as propriedades matemáticas constituem as características verdadeiras, imutáveis e profundas, para além das aparências, das coisas reais.Copérnico escrevia: “Certamente, é muito grande essa obra divina do Perfeito Criador Supremo.” E sustentava que os astrônomos que o precederam, não estavam em condições de compreender nem mesmo a coisa mais importante, “vale dizer, a forma do universo e a imutável simetria de suas partes”. O Deus do platonismo e dos neoplatônicos é um Deus que geometriza: por isso, o universo é simples e geometricamente ordenado. Consequentemente, o pesquisador tem por função penetrar nessa ordem e descobri-la, bem como suas estruturas simples e racionais e sua imutável simetria. Copérnico foi grande porque teve a coragem de mudar de caminho. A teoria copernicana não ganhou de imediato muitas aprovações, nem mesmo entre os astrônomos.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Paracelso

Paracelso (1493 – 1541). Deus cria as coisas do nada, as cria como semente nas quais desde o início está inerente a elas o objeto do seu uso e da sua função. Toda coisa se desenvolve a partir daquilo que ela é em si mesma. Arqueu é o nome dessa força que, no interior das várias sementes, estimula o seu crescimento. O Arqueu é uma força paradigmática de cada ser, ou seja, a semente de cada ser. O importante é possibilitar que o Arqueu apareça, que a própria luz da natureza surja, mostrando-se. O arqueu se mostra apenas a sua luz aqueles que sabem ver sem imagens. A natureza é mais do que nossos olhos possam captar, o invisível que pulsa através do invisível. O invisível nunca se apresenta como imagem, porque ele não é objeto, é energia viva, criativa; uma energia não-dividida. O ser humano pode movimentar a energia da natureza se possuir uma imaginação forte, pois toda natureza invisível pode ser movimentada através da energia da imaginação. A imaginação pode inclusive transformar o corpo humano, fazendo curas. Outro aspecto ensinado por Paracelso: o ser humano não deve ser dirigido por ninguém a não ser por ele mesmo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cornélio Agripa de Nettesheim

Cornélio Agripa de Nettesheim (1486 – 1535). As partes do universo estão em relação entre si através do espírito que anima o mundo inteiro. Assim como uma corda estendida vibra sempre que é tocada em algum ponto, da mesma forma o universo, sendo tocado em um dos seus extremos, vibra no extremo oposto. O objetivo do ser humano consiste na dignificação. A dignificação consiste no afastamento da carne e dos sentidos e, através de uma súbita iluminação o ser humano eleva-se a virtude divina que o faz conhecer os segredos da natureza. Advertia que para o vulgo fale somente coisas vulgares e nunca as coisas superiores para não ser espezinhado por eles.

Johann Reuchlin

Johann Reuchlin (1455 – 1522). A Cabala significa tradição mística ligada diretamente à cultura hebraica. Vê o mundo fenomenal como sendo o reflexo das forças divinas. A Cabala é a ciência do divino. A Cabala é uma teologia simbólica, onde os significados estão ocultos nas letras e nos nomes. O próprio mundo fenomênico é uma simbologia do significado divino. A meditação nos símbolos Cabalísticos eleva a pessoa que está meditando ao mundo supra-sensível. Todo o universo captado pelos sentidos depende do mundo supra-sensível. O Cabalista é um sábio que procura unir-se a divindade. Salienta que a Cabala não nos permite viver nossas vidas no pó, mas eleva nossas mentes à altura do conhecimento divino.

Tomás Campanella

Tomás Campanella nasceu na Calábira no ano de 1568 e morreu no ano de 1639. O conhecimento de si não é uma prerrogativa do homem, mas de todas as coisas, que são vivas e animadas. Todas as coisas são dotadas de uma sabedoria inata, através da qual sabem que existem e são ligadas ao seu próprio ser. Esse autoconhecimento é um auto-sentir-se. Quem possui o conhecimento inato no ser humano é a sua alma. A alma conhece a si mesma com um conhecimento de presença participativa na natureza e não conhecimento objetivo. Quando se passa do conhecimento de presença na natureza para o conhecimento dos particulares ou conhecimento objetivo da natureza, começa a incerteza e a alma torna-se alienada por causa dos objetos, pois, os objetos somente se revelam parcialmente. A consciência inata que os seres humanos possuem é ofuscada pelo conhecimento que é acrescentado pela cultura, de modo que a autoconsciência consequentemente se transforma quase em um conhecimento oculto. O ser humano pode alcançar níveis notáveis de consciência em Deus se souber aprender. O ser humano deve aprender com a própria natureza. O aprender com a natureza significa tornar-se una com ela. Tornando-se um só com as coisas. Tornar-se íntimo da natureza; união com a natureza. Aprender é ser co-participativo com a natureza, sendo uma participação intrínseca com as coisas. Uma participação intrínseca e co-penetração no processo vital do todo, um saborear a suavidade da vida universal, assimilando o inteligível que há nas coisas, nos modos e nas formas. Assimilando as idéias eternas segundo os quais Deus criou tudo. Atualmente o ser humano está vivendo uma vida alienada, vivendo uma vida objetiva totalmente separada da natureza, do todo. Ampliar o nível de consciência exige a morte, a perda, pois quando ampliamos o nível de consciência adquirimos um novo conhecimento e o antigo saber morre e se perde. Toda mutação é alguma morte.


domingo, 20 de dezembro de 2009

Giordano Bruno

Giordano Bruno nasceu em 1548 e morreu em 1600. Existe uma causa ou um princípio supremo acima de tudo, ao qual ele chama também de “mente por sobre as coisas”, da qual deriva todo o restante, mas permanece incognoscível para nós. A alma do mundo está em cada coisa. Deus torna-se imanente e a vida do cosmo torna-se vida divina, ou seja, a expansão infinita da própria vida de Deus. Deus é infinito porque é tudo em tudo e, totalmente, também em toda parte do todo. Deus é a alma universal do mundo e todas as coisas materiais são manifestações deste principio infinito. Deus é força criadora perfeita que forma o mundo e que é imanente a ele. O universo é infinito e ilimitado. O universo é um sistema de mundos infinitos que nascem e decaem movidos pela divina força universal. Existiriam possivelmente inumeráveis mundos habitados. Sendo Deus, criador do mundo, sendo um ser infinito; seria contraditório que a uma causa infinita não correspondesse um efeito infinito. O universo, pois, como efeito de uma causa infinita não pode conceber-se senão como infinito.

Bernardino Telésio

Bernardino Telésio nasceu em 1509 e morreu em 1588. No ser humano existe o espírito que é uma substância material muito tênue. O conhecimento se explica através do espírito, sendo, precisamente, a percepção das sensações, mudanças e movimentos que as coisas produzem sobre ele. Existe Deus criador acima da natureza que infunde no ser humano a alma imortal. Através do espírito o ser humano conhece e prova as coisas que estão na natureza; já com a alma ele conhece as coisas divinas e tende para elas. Assim, existem no homem dois apetites e dois intelectos. Por isso, ele está em condições de entender não somente o bem sensível, mas também o bem eterno, bem como de querê-lo. O ser humano não deve sucumbir ao conhecimento do espírito. A natureza somente é conhecida pelo espírito. A natureza é autônoma explicando por si mesma. A natureza tem em si mesma os princípios de sua própria constituição e de sua própria explicação. Para conhecer a natureza o ser humano nada mais tem a fazer do que dar a palavra a natureza, confiando nas revelações que ela dá de si para o espírito humano.