sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

José Ferrari

José Ferrari (1811 – 1876). O que importa e reconquistar o fato e mantê-lo como base. Ater-se aos fatos e não se perder atrás das conjecturas e hipóteses. É inútil procurar um fenômeno além dos fenômenos. O fato basta a si mesmo. A época da revolução é o período que estamos vivendo e vem depois da época da religião e da época da metafísica. A época da revolução é a época da ciência. As igrejas devem ser eliminadas, pois, o ponto decisivo da emancipação está em negar positivamente a existência de Deus. A revolução arrancou o poder das mãos da nobreza, mas a colocou nas mãos da classe privilegiada que é a burguesia, ao passo que o poder deve estar nas mãos do povo.

Referência: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo: Edições paulinas, 1991.

Victor Cousin

Victor Cousin (1792 – 1867). A nossa verdadeira doutrina, a nossa verdadeira bandeira, é o espiritualismo. O espiritualismo ensina a elevação da alma, a liberdade e a responsabilidade das ações humanas, as obrigações morais, a virtude desinteressada, a dignidade da justiça, a beleza da caridade. O espiritualismo ensina também que além dos limites deste mundo há um Deus, que cria a humanidade, que lhe confia fim nobre e que não a abandonará no curso do misterioso desenvolvimento do seu destino. A espiritualidade é a filosofia que sustenta o sentimento religioso, rejeita a demagogia e, a tirania. A espiritualidade ensina a todos os homens a respeitarem-se e a amarem-se.

Maine François Pierre

Maine François Pierre (1766 – 1824). Sem o sentimento de existência individual que chamamos de consciência não há conhecimento e não há conhecimento se não admitirmos um sujeito permanente que conhece. A consciência é o sentimento que temos continuamente e sempre da nossa existência particular ou do nosso eu. É o eu que tem o sentido íntimo de sua existência individual, una, idêntica e que permanece sempre a mesma, ao passo que todas as modificações que ocorrem variam sem cessar e todos os fenômenos externos e internos, sensações, representações e imagens passam e se sucedem em fluxo contínuo. A consciência se revela como causa ou força. É essa força que move o corpo e que se chama vontade. O eu é essa força agente. O eu nada mais é que o sentimento da força agente, que está em exercício efetivo para fazer o corpo se mover e deslocar-se, para transformá-lo no espaço e para pôr as suas diversas partes em contato com os objetos que são as causas das sensações. Salienta: eu ajo, eu quero, logo, eu sou minha causa e, portanto, eu sou, existo realmente em virtude de causa ou força. Tudo o que existe de passivo no homem pertence ao físico, a parte livre e ativa do ser humano, ao contrário, é a parte do eu. É urgente ouvir o sentido íntimo, ele nos dirá que existe um ser ordenador de todas as coisas. É o sentido íntimo que nos faz ver Deus na ordem do universo.

Referência: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo: Edições paulinas, 1991.

Pierre Jean Georges Cabanis

Pierre Jean Georges Cabanis (1757 – 1808). Reduz a vida mental do homem às sensações provenientes de objetos externos. Ele reduz toda a vida consciente à fisiologia, ao funcionamento do sistema cerebral, sistema que é órgão do pensamento e da vontade. O cérebro digere de algum modo as impressões e produz organicamente a secreção do pensamento. A vida é meramente uma organização de forças físicas. O pensamento é resultado de "secreções" no cérebro análogas à secreção da bile pelo fígado. O comportamento depende do arranjo de elementos naturais. A consciência é efeito dos processos mecânicos e a sensibilidade, que é a fonte da inteligência é uma propriedade do sistema nervoso.

Referência: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo: Edições paulinas, 1991.

Louis de Bonald

Louis de Bonald (1754 – 1840). Deus teria dado ao homem, desde a criação, uma linguagem primitiva que, passando de geração a geração, conserva a revelação divina originária e as verdades inatas que Deus gravou na mente de todos os homens. Existe uma revelação natural de Deus a todos os homens. É de Deus que deriva a sabedoria do Estado e a legitimidade de quem o representa. O individualismo e toda abstração individual é obra do demônio e toda revolução é demoníaca. Todos os males de sua época são consequências da rejeição da teocracia medieval e da monarquia fundada no direito divino dos reis. O que deve estar nos fundamentos da vida e da história não é a razão individualista, e sim as verdades eternas da religião, que Deus revelou ao homem desde as origens. Necessidade de aceitar e se submeter às instituições como a Igreja e o Estado, ou melhor, àquelas autoridades que, como o papa e o soberano, representam as verdades divinas. Toda a história é governada por Deus.

Referência: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo: Edições paulinas, 1991.

Antoine Louis Claude Destutt de Tracy

Antoine Louis Claude Destutt de Tracy (1754 -1836). Os cinco sentidos não são suficientes para nos garantir o conhecimento da existência dos corpos externos. Nós conseguimos descobrir o mundo externo graças à motilidade: o sujeito se dá conta do mundo externo em virtude do confronto entre um movimento desejado e um corpo que a ele resiste que forçaria o sujeito a admitir a realidade do mundo externo. As idéias são fenômenos naturais que exprimem a relação entre o organismo vivo do ser humano e o seu meio natural de vida. A ideologia possibilita o conhecimento da verdadeira natureza humana ao perguntar de onde provem nossas idéias e como se desenvolviam.

Referência: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo: Edições paulinas, 1991.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Soren Kierkegaard

Soren Kierkegaard (1813 – 1855). O ser humano deve ter coragem de, como Indivíduo, pôr-se em relação com Deus: antes em relação com Deus e não antes com os outros. Quando estamos diante de Deus, não há espaço algum para os fingimentos, os disfarces e as ilusões. Para aspirar à verdade, é preciso ficar nu em sentido muito mais íntimo, é preciso desfazer-se de falsas vestimentas interiores.

Deus sabe que as pessoas o enganam, Deus cria uma situação na qual o ser humano o engana, para que o sujeito sofra com o objetivo de perceber que é abandonado por Deus. A respeito da justiça divina salienta que cada criminoso, cada pecador pode ser salvo na eternidade desde que passe a buscar Deus, pois, na eternidade, o que será lembrado é somente a busca por Deus. Será salvo quem possui Deus por parceiro.

Deus quer restabelecer a igualdade entre Si e o discípulo, assim com um rei que se apaixona por uma plebéia. Deus encontra sua alegria em vestir ao lírio com mais esplendor que Salomão. O amor de Deus não somente ensina, mas também leva a um novo nascimento do discípulo, passando do não ser ao ser, pois o fazer nascer pertence a Deus cujo amor é regenerador. Deus busca a unidade, de Si com o não ser do discípulo para obter a unidade, Deus se faz igual ao seu discípulo, e para isto toma a forma de servo. Deus sofre a fome, o deserto, tudo experimenta por amor ao discípulo. Somente Deus pode salvar o indivíduo do desespero.

O desespero humano brota em não querer se aceitar como estando nas mãos de Deus. Negando Deus o ser humano aniquila-se a si mesmo. Separar-se de Deus equivale a arrancar suas próprias raízes e afastar-se do único poço do qual se pode obter água. A autêntica existência é aquela que está disponível para o amor de Deus, a existência daquele que não crê mais em si mesmo, mas em Deus somente. A fé em Deus, o saber que está ao lado de Deus, leva o ser humano a entrar em conflito com o mundo, tendo alto grau de tédio da vida.

Existem três estágios na existência do ser humano: estágio estético; estágio ético e estágio religioso. O estético é o estágio básico na realidade humana, marcado pela diversidade e pelos desejos. O desejo pode passar pela satisfação sentimental, material, entre outros, mas em última instância, o desejo erótico predomina. Na vida estética o ser humano sente a desesperança de uma vida feliz baseada no aspecto erótico e busca uma vida governada por princípios interiores. O ser humano entende que a ética é a única forma de desviar das fragilidades do corpo humano. Estágio religioso demonstra uma existência superior, onde o estágio ético fica ofuscado diante do estágio religioso. O estágio religioso é caracterizado pelo desprendimento, solidão, devoção e comunicação com Deus através de um silêncio profundo.

No estágio religioso o ser humano compreende que Deus tem a precedência, consequentemente, a ciência deste mundo não tem muita importância, já que, para o cristão, a existência autêntica estabelece-se no plano da fé: como forma de vida, a ciência é existência inautêntica.