sábado, 6 de fevereiro de 2010

Nicolas de Malebranche


Nicolas de Malebranche (1638 – 1715). Cada alma permanece isolada tanto das outras almas como do mundo físico. A alma que está separada de todas as outras coisas tem união direta e imediata com Deus e, portanto, conhece todas as coisas através da visão em Deus. O que conhecemos é somente idéia. Nós só conhecemos “idéias” porque só elas são visíveis à nossa mente em si mesmas, ao passo que os objetos que elas representam permanecem invisíveis. Todas as coisas que vemos são idéias e somente idéias. O corpo e tudo relacionado com o corpo é somente idéia, impressões, imaginações. Vemos o sol, as estrelas e uma infinidade de coisas fora de nós, na verdade não estamos vendo o sol e as estrelas e as infinidades de coisas, mas estamos apenas percebendo idéias. A origem das idéias está em Deus. Todas as idéias estão na mente de Deus e a alma está unida a Deus. A percepção é da alma; mas a extensão e todas as figuras que são percebidas, existem sem a alma. Todas as idéias possuem origem na razão universal, que contém as idéias de todas as verdades que descobrimos. Tudo que vemos é devido à revelação por parte de Deus. O nosso próprio corpo é uma revelação. É o próprio Deus que produz na alma todos os diversos sentimentos corporais. A ciência procura captar a regularidade perfeita com que as idéias se vinculam entre si, a ciência capta os nexos entre as idéias na visão de Deus. A alma pensa o seu corpo, mas a idéia de corpo está intimamente unida a Deus. Todas as atividades da alma que nos parecem causar efeitos sobre o corpo são, na realidade, causas ocasionais que agem tão-somente pela eficácia da vontade de Deus. Não podemos por nós mesmo mover o braço, mudar de lugar posição ou hábito, fazer bem ou mal aos homens, realizar a menor mudança no universo. Apesar da união entre alma e corpo como gostamos de imaginar, estamos totalmente mortos e sem movimento se Deus não nos movimentar. Apenas de Deus vem todo poder e toda faculdade. Acreditamos em Deus porque Deus nos dá a crença de sua existência. Deus contém tudo em si porque ele é infinito. Não existe alma no mundo, mas o mundo na alma. Deus está em toda parte, não somente nas idéias intuitivas. Deus não é abrangido em sua obra: a obra é que é abrangida nele. É nele que nós existimos. É nele que nós temos vida e movimento. Todos os tempos estão na eternidade divina e Deus, na sua existência, não há passado, nem futuro: tudo é presente eterno. Em Deus não existe pequeno e grande, tudo é igual.

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