quarta-feira, 25 de agosto de 2010

François- Marie Arouet (Voltaire)

François- Marie Arouet (Voltaire) (16954 – 1778): Não existe nenhuma dúvida de que Deus existe e Ele é o grande engenheiro que idealizou, criou e regulou o sistema do mundo. Deus existe porque existe a ordem do mundo. A existência de Deus é atestada pelas simples e sublimes leis em virtude das quais os mundos celestes correm no abismo dos espaços. Deus existe e a proposição contrária é a coisa mais veossimil que os seres humanos podem pensar. A ordem do universo não é derivada do acaso e existe uma inteligência admirável responsável pela ordem e criação de tudo que existe. A existência de Deus não é artigo de fé, mas sim resultado da razão. A fé consiste em crer, não naquilo que parece verdadeiro, mas naquilo que parece falso para o nosso intelecto, assim sendo, a fé é apenas superstição. A superstição consiste em adotar práticas inúteis como se fossem práticas indispensáveis.Deus existe e também existe o mal. A religião consiste na adoração a Deus e na justiça, fazer o bem é o verdadeiro culto religioso e também defender o oprimido. O mal está nas guerras, nas opressões, na intolerância, nas superstições cega, nas doenças, nas arbitrariedades, na estupidez, nas roubalheiras e nas catástrofes naturais. Todos nós estamos prenhes de fraqueza e de erros, sendo que a tolerância é nos perdoar receprocamente. O nosso conhecimento é limitado e nós estamos sujeitos ao erro, nisso reside a razão da tolerância recíproca. Nós devemos nos tolerar mutuamente, porque somos todos fracos, incoerentes,sujeitos à inconstância e ao erro. Tirano é aquele soberano que não conhece outras leis além dos seus caprichos,que se apropria dos haveres dos seus súditos e depois os alista em sua guarda para que vão tomar os bens dos vizinhos. A discórdia é a grande peste do gênero humano e a tolerância é o seu único remédio. A fraqueza da nossa razão e a insuficiência das nossas leis se fazem sentir todos os dias, mas a sua miséria fica mais do que nunca evidente quando um só voto manda um cidadão para a pena de morte. O melhor meio para diminuir o número de maníacos é confiar essa doença do espírito ao regime da razão, que lenta mas infalivelmente ilumina os homens. Essa razão é doce e humana, inspira à indulgência, sufoca a discórdia e consolida a virtude, torna a obediência às leis mais agradáveis do que a força pode asseegurar a sua observância. O grande princípio universal é não fazer ao próximo o que não gosta que fosse feito a você. O direito da intolerância é absurdo e bárbaro sendo o direito dos tigres. Não importava o tamanho de um monarca, deveria, antes de punir um servo, passar por todos os processos legais, e só então executar a pena, se assim consentido por lei. Se um príncipe simplesmente puni de acordo com o seu bem-estar, é apenas mais um salteador de estrada ao qual se chama de 'Sua Majestade. Devemos nos submeter ao domínio da lei, baseava-se em sua convicção de que o poder devia ser exercido de maneira racional e benéfica. As pessoas comuns estão curvadas ao fanatismo e à superstição. A sociedade deve ser reformada mediante o progresso da razão e o incentivo à ciência e tecnologia. Devemos lutar desesperadamente pela liberdade de imprensa, sistema imparcial de justiça, tolerância religiosa, tributação proporcional e redução dos privilégios da nobreza e do clero.

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