sábado, 23 de outubro de 2010

Friedrich Wilhelm Joseph Schelling

Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775 – 1854): Deus é o Eu puro, absoluto, cuja unidade não é a unidade numérica dos indivíduos, mas sim a unidade própria do Uno-Todo imutável. O Eu não é consciência, nem pensamento, nem pessoa, porque consciência e pessoa são momentos posteriores e deduzidos. O absoluto é uma matriz única da qual se diversificam todos os seres. Tudo está em Deus, mas não, ao contrário, que tudo é Deus. Deus é antecedente e as coisas são o conseqüente. O conseqüente está no antecedente, mas não vice-versa.

Na natureza, existe organização geral: a organização não pode ser pensável sem força produtora e tal força necessita do princípio organizativo, que não pode ser princípio real cego, mas deve ter produzido agindo com uma finalidade. Existe uma inteligência ordenando a natureza, ou seja, toda a natureza é resumida em uma inteligência. Em tudo quanto é e quanto existe há uma fundamental identidade. Todas as coisas, por diferentes que pareçam, se fundem na matriz originária. A inteligência que organiza a natureza é a “alma do mundo”, nada mais sendo que a inteligência inconsciente que produz e rege a natureza e que só se abre a consciência com o nascimento do homem. O ser humano revela-se como sendo o fim último da natureza, porque nele precisamente desperta o espírito, que em todos os graus da natureza permanece como que adormecido.

O mesmo princípio une a natureza inorgânica e a natureza orgânica, pois as coisas singulares da natureza constituem, como que elos de uma cadeia de vida, que se volta sobre si mesma e na qual todo momento é necessário para o todo. Aquilo que na natureza aparece como “não-vivo” é apenas vida que dorme; a vida é a respiração do universo, ao passo que a matéria é espírito enrijecido. No fenômeno da natureza tudo está unido na alma do mundo, ou seja, na inteligência do absoluto. Na natureza inorgânica está presente a alma do mundo, imprimindo ordem aos átomos, como nos cristais. A natureza não está subordinada ao ser humano, mas o ser humano faz parte da natureza.

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