terça-feira, 19 de outubro de 2010

Johann Gottfried Herder

Johann Gottfried Herder (1744 – 1803). A natureza é organismo que se desenvolveu e progride segundo esquema finalístico, da mesma forma a história é desenvolvimento da humanidade que também se desdobra segundo esquema finalístico. Deus opera e se revela tanto na primeira como na segunda. Portanto, a história está necessariamente voltada para a concretização dos fins da Providência de Deus; portanto, o progresso não é simples obra do homem, mas obra de Deus que leva a humanidade à plenitude da realização.

Via a história da humanidade como um imenso jardim, onde cada povo tinha uma identidade específica, própria, distinta da dos demais, possuindo sua forma e natureza, seguindo uma evolução separada dos demais, de acordo com os instintos e o caráter que lhes eram peculiares. Concluindo que a arte, o gosto e os costumes de cada povo, somente podem ser valorizados desde dentro desse mesmo povo e da época em que surgiram, não de fora. O caráter nacional os acompanhava mesmo quando emigravam para longas distâncias, fazendo-os recordar do solo natal, invocando sua presença ao batizar as novas localidades com as denominações da antiga mãe-pátria. Cada povo, por sua vez, passava por etapas de infância, de maturidade e velhice.

Condenava veementemente a política do Império Romano por ter sufocado, ou eliminado, traços característicos e idiossincrasias culturais de muitos povos que foram dominados. Da mesma forma lhe pareceria merecedora de integral repúdio toda e qualquer política colonialista, devido à sua prática de esmagamento das expressões mais autênticas dos povos nativos.

Deduzia, pois, que o papel do historiador estava longe de tentar identificar o que existia em comum entre os povos, mas, ao contrário, deveria ressaltar em seu estudo exatamente aquilo que os diferenciasse dos demais. Deveria agir como um naturalista que se debruça sobre cada espécie e procura um método de classificação próprio para ela. Além disso, deveria preocupar-se com a localização das suas raízes. Da mesma forma que as plantas, os povos as possuem ocultas: as plantas as têm enterradas no subsolo, os povos as encontram no seu passado histórico. O historiador deve extrair dos tempos imemoriais os vestígios primeiros da cultura do seu povo. Para tanto, bastava ter ouvidos atentos para captar a língua popular, os velhos contos, as antigas cantigas, os mitos, as sagas e as lendas heróicas.

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