sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Johann Gottlieb Fichte

Johann Gottlieb Fichte (1762 – 1814). Salienta que abraçou uma moral mais elevada e, ao invés de se ocupar com as coisas externas, ocupou-se mais consigo mesmo, o que lhe deu uma paz que ainda não conhecia: mesmo imerso em situação econômica precária, viveu os dias mais belos de sua vida.

Diz que Deus é o Eu puro que cria toda a realidade. O Eu que, na infinidade do seu tender, representa o ardente anseio de liberdade. Deus é o princípio originário, o princípio primeiro, a condição incondicionada que se constrói a si mesmo. Não é fato, e sim ato, atividade originária. Não lhe pertence um ser propriamente dito, não depende de um ser que lhe seja dado, porque Deus é doador de ser. O Eu é o primeiro princípio de todo movimento, de toda a vida, de toda ação, de todo acontecimento.

A imaginação divina é atividade infinita que, delimintando-se continuamente, e produzindo aquilo que constitui a matéria do nosso conhecimento. A imaginação produtiva fornece material bruto, do qual, em etapas sucessivas, a consciência se reapropria através da sensação, da intuição sensível, do intelecto e do juízo.

Quando o ser humano se coloca no ponto de vista da reflexão comum, possui a sólida convicção de que as coisas têm realidade fora de si, e, que, portanto, elas existem sem a intervenção humana. Quando refletimos sobre as etapas do processo cognoscitivo e suas condições, passamos a adquirir consciência do fato de que tudo deriva de Deus e, em nossa autoconsciência, nos aproximamos sempre mais da autoconsciência pura. Para aproximarmos da consciência pura é necessária a liberdade, ser livre significa tornar-se livre. Tornar-se livre significa afastar incessantemente dos limites.

Toda a nossa vida é a vida doada por deus. Nós estamos em suas mãos e aí permanecemos e ninguém pode nos arrancar daí. Não há absolutamente nenhum ser e nenhuma vida fora da vida divina. Temos um obscurecimento em nossa consciência a respeito de Deus, mas, quando ficamos libertos da obscuridade, pela vontade de Deus, Ele se revela. Na ação de eliminar a obscuridade, não é o ser humano que age, e sim o próprio Deus, que age no homem e na mulher realizando a sua obra por meio deles.

A escolha de uma filosofia depende daquilo que se é como ser humano, porque um sistema filosófico não é utensílio inerte, que se pode pegar ou largar a vontade, mas é algo animado pelo espírito do homem que o tem. O caráter fraco por natureza ou enfraquecido e dobrado pelas frivolidades, pelo luxo refinado e pela servidão espiritual nunca poderá se elevar a ter uma filosofia de vida.

Referência: REALE Giovanni & ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Edições Paulinas, 1991.

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