terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Karl Marx

Karl Marx (1818 – 1883). Crítica a Religião: os homens alienam o seu ser projetando-o em um Deus imaginário somente quando a existência real na sociedade de classe impede o desenvolvimento de sua humanidade. Para superar a alienação religiosa, não basta denunciá-la, mas é preciso mudar as condições de vida material. O Estado e a sociedade produzem a religião, que é consciência invertida do mundo, a religião é a teoria invertida das condições sociais. Existe o mundo fantástico dos deuses porque existe o mundo irracional e injusto dos homens. A miséria religiosa é a expressão da miséria real em um sentido e, em outro, é o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida e o ópio do povo. A religião é obra da humanidade sofredora e oprimida, obrigada a buscar consolação no universo imaginário da fé. A primeira função de uma filosofia a serviço da história é a de desmascarar a auto-alienação religiosa, mostrando suas formas que nada têm de sagradas. Essa a razão por que a crítica do céu se transforma em crítica da terra, a crítica da religião em crítica do direito, a crítica da teologia em crítica da política.

Alienação do Trabalho: o homem pode viver humanamente, isto é, fazer-se enquanto homem, precisamente humanizando a natureza segundo as suas necessidades e as suas idéias, juntamente com outros homens. O homem pode transformar a natureza, objetivar-se nela e humanizá-la, pode fazer dela o seu corpo inorgânico. Olhando para a história e para a sociedade, veremos que o trabalho não é mais feito, juntamente com os outros homens, pela necessidade de apropriação da natureza externa, veremos que não é mais realizado pela necessidade de objetivar a própria humanidade, as próprias idéias e projetos, na matéria-prima. O operário tornou-se mercadoria nas mãos do capital, o operário se alienou do trabalho. Alienação do trabalho faz com que surjam todos os outros tipos de alienação. Alienação do trabalho transformou o trabalhador em um ser bruto. Alienação do trabalho consiste no fato de que o trabalho é externo ao operário, isto é, não pertence ao seu ser e, portanto, ele não se afirma em seu trabalho, mas se nega, não se sente satisfeito, mas infeliz, não desenvolve energia física e espiritual livre, mas definha seu corpo e destrói o seu espírito. O trabalhador alienou-se do trabalho porque o seu trabalho não é voluntário, mas constrito: é trabalho forçado. O trabalho não constitui satisfação de uma necessidade, mas somente meio para satisfazer necessidades estranhas, por tudo isso, o homem só se sente livre em suas funções animais (comer, dormir, beber, procriar, morar e vestir). Alienação do trabalho faz com que o operário se torne tanto mais pobre quanto maior é a riqueza que produz quanto mais a sua produção cresce em potência e extensão. O operário torna-se mercadoria tanto mais vil quanto maior é a quantidade de mercadorias que produz.

Materialismo Histórico: consiste na tese segundo a qual não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, o seu ser social que determina a sua consciência. Isso leva a especificar a relação existente entre estrutura econômica e superestrutura ideológica. A produção das idéias, das representações, da consciência, em primeiro lugar, está diretamente entrelaçada à atividade material e às relações materiais dos homens, linguagem da vida real. Na produção social de sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade, em relações de produção que correspondem a determinado grau de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade, ou seja, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas determinadas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo social, político e espiritual da vida.

Materialismo Dialético: tudo está em movimento e, portanto, tudo é transitório. O confronto entre o estado de coisas existentes e sua negação é inevitável, e esse confronto se resolverá com a superação do estado de coisas existente. Todo momento histórico gera contradições, elas constituem a mola do desenvolvimento histórico. A dialética é a lei do desenvolvimento da realidade histórica e que essa lei expressa a inevitabilidade da passagem da sociedade capitalista para a sociedade comunista, com o conseqüente fim da exploração e da alienação.

Luta de Classe: a história de toda sociedade que existiu até o momento é a história da luta de classes. Livres e escravos, patrícios e plebeus, barões e servos da gleba, membros das corporações e aprendizes, em suma, opressores e oprimidos, estiveram continuamente em mútuo contraste e travaram luta ininterrupta, ora latente, ora aberta, luta que sempre acabou com transformação revolucionária de toda a sociedade ou com a ruína comum das classes em luta. A burguesia moderna, não eliminou em absoluto o antagonismo das classes: pelo contrário, simplificou-o, visto que toda a sociedade vai se dividindo cada vez mais em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes diretamente contrapostas uma a outra: burguesia e proletariado. Burguesia é a classe dos proprietários dos meios de produção, empregadores dos assalariados. Proletariado é a classe dos assalariados que não possuem os meios de produção, são obrigados a vender sua força de trabalho para viver.

Capital: a mercadoria possui duplo valor: o valor de uso e valor de troca. O valor de uso de uma mercadoria baseia-se na qualidade da mercadoria, no sentido da função de sua qualidade, satisfaz mais a uma necessidade que a outra. Valor de troca é algo de idêntico existente em mercadorias diferentes, que as tornam passíveis de troca em dadas proporções mais do que em outras. Esse valor de uso é dado pela quantidade de trabalho socialmente necessária para produzi-la. Em essência, como valores, todas as mercadorias são apenas medidas determinadas de tempo de trabalho nelas empregado. O intercâmbio de mercadorias não é tanto uma relação entre coisas, mas muito mais uma relação entre produtores, entre homens. A força de trabalho também é mercadoria que o proprietário da força de trabalho vende no mercado, em troca do salário, ao proprietário do capital, isto é, ao capitalista. E o capitalista paga justamente, por meio de salário, a força de trabalho que adquire; ele a paga segundo o valor que tal mercadoria tem, valor que é dado pela quantidade de trabalho necessário para produzi-la, ou seja, pelo valor das coisas necessárias para manter em vida o trabalhador e sua família. O operário com sua força de trabalho criam produtos que são suficientes para cobrir as despesas com sua própria manutenção (seis horas), ao passo que, nas outras seis horas suplementares, cria produto que o capitalista não paga. Esse produto suplementar não pago pelo capitalista ao operário é a mais-valia. Na mais-valia temos que distinguir o capital constante e o capital variável. O capital constante é o investido para a aquisição dos meios de produção, como o maquinário e as matérias-primas. Capital variável, investido na aquisição da força de trabalho. Abatendo o capital constante e o capital variável da mais-valia surge a figura do lucro do capitalista. O capitalista não consegue consumir totalmente o seu lucro nas suas necessidades ou atendendo os seus caprichos, assim sendo o que sobrou do lucro ele reinveste, para não sucumbir na concorrência. Para vencer a concorrência o capitalista reinveste o seu lucro no aperfeiçoamento do maquinário que gera o aumento do exército reserva.

Advento do Comunismo: a burguesia para existir e desenvolver-se, produziu o operariado que a levará a morte. O proletariado é a antítese da burguesia. Fundamentado na dialética, o proletariado fará a revolução. A produção capitalista gera a sua própria negação e a negação do capitalismo é o comunismo. Comunismo é uma sociedade sem propriedade privada e, portanto, sem classes, sem divisão do trabalho, sem alienação e, sobretudo, sem Estado. Para Marx o comunismo é o retorno completo e consciente do homem a si mesmo, como homem social, isto é, como homem humano.

Comunismo Grosseiro: no Manuscrito de 1844, Marx comenta sobre o comunismo grosseiro que não consistia na abolição da propriedade privada e sim na atribuição da propriedade privada ao Estado, o que reduziria todos os homens a proletariados. Esse comunismo grosseiro negaria a personalidade do homem por toda parte.

Referência: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo: Edições paulinas, 1991.

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