sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Soren Kierkegaard

Soren Kierkegaard (1813 – 1855). O ser humano deve ter coragem de, como Indivíduo, pôr-se em relação com Deus: antes em relação com Deus e não antes com os outros. Quando estamos diante de Deus, não há espaço algum para os fingimentos, os disfarces e as ilusões. Para aspirar à verdade, é preciso ficar nu em sentido muito mais íntimo, é preciso desfazer-se de falsas vestimentas interiores.

Deus sabe que as pessoas o enganam, Deus cria uma situação na qual o ser humano o engana, para que o sujeito sofra com o objetivo de perceber que é abandonado por Deus. A respeito da justiça divina salienta que cada criminoso, cada pecador pode ser salvo na eternidade desde que passe a buscar Deus, pois, na eternidade, o que será lembrado é somente a busca por Deus. Será salvo quem possui Deus por parceiro.

Deus quer restabelecer a igualdade entre Si e o discípulo, assim com um rei que se apaixona por uma plebéia. Deus encontra sua alegria em vestir ao lírio com mais esplendor que Salomão. O amor de Deus não somente ensina, mas também leva a um novo nascimento do discípulo, passando do não ser ao ser, pois o fazer nascer pertence a Deus cujo amor é regenerador. Deus busca a unidade, de Si com o não ser do discípulo para obter a unidade, Deus se faz igual ao seu discípulo, e para isto toma a forma de servo. Deus sofre a fome, o deserto, tudo experimenta por amor ao discípulo. Somente Deus pode salvar o indivíduo do desespero.

O desespero humano brota em não querer se aceitar como estando nas mãos de Deus. Negando Deus o ser humano aniquila-se a si mesmo. Separar-se de Deus equivale a arrancar suas próprias raízes e afastar-se do único poço do qual se pode obter água. A autêntica existência é aquela que está disponível para o amor de Deus, a existência daquele que não crê mais em si mesmo, mas em Deus somente. A fé em Deus, o saber que está ao lado de Deus, leva o ser humano a entrar em conflito com o mundo, tendo alto grau de tédio da vida.

Existem três estágios na existência do ser humano: estágio estético; estágio ético e estágio religioso. O estético é o estágio básico na realidade humana, marcado pela diversidade e pelos desejos. O desejo pode passar pela satisfação sentimental, material, entre outros, mas em última instância, o desejo erótico predomina. Na vida estética o ser humano sente a desesperança de uma vida feliz baseada no aspecto erótico e busca uma vida governada por princípios interiores. O ser humano entende que a ética é a única forma de desviar das fragilidades do corpo humano. Estágio religioso demonstra uma existência superior, onde o estágio ético fica ofuscado diante do estágio religioso. O estágio religioso é caracterizado pelo desprendimento, solidão, devoção e comunicação com Deus através de um silêncio profundo.

No estágio religioso o ser humano compreende que Deus tem a precedência, consequentemente, a ciência deste mundo não tem muita importância, já que, para o cristão, a existência autêntica estabelece-se no plano da fé: como forma de vida, a ciência é existência inautêntica.

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