domingo, 15 de fevereiro de 2009

Platão e Aristóteles

Não resta dúvida que Platão e Aristóteles foram pessoas responsáveis pela sinalização de dois modelos ou arquétipos de reflexão, assim sendo, pretendemos mostrar as divergências básicas entre os dois filósofos.

O pensar de Platão apresenta uma dualidade nítida entre o mundo metafísico e o mundo físico. O nível físico é desprezado e colocado como sendo a causa de todos os defeitos e apegos. O objetivo da vida é justamente voltar ao universo metafísico através do total desapego as coisas do mundo. No universo ontológico existe a eternidade que é constituída de formas imutáveis, sendo o verdadeiro mundo da alma, o mundo para onde a alma deve regressar. A paz da alma está justamente no voltar ao seu mundo original desprezando totalmente o mundo captado pelos sentidos. O universo ôntico é formado pelas coisas passageiras, sendo o mundo da obscuridade e sem nenhum valor. O campo ôntico aprisiona a alma. Podemos dizer que a síntese do pensar de Platão está no desligamento da alma do corpo humano e do mundo obscuro que é o espaço das coisas captadas pelos sentidos.

O pensar de Aristóteles se opõem a dualidade platônica não sendo o mundo físico o campo da obscuridade. O reino inanimado, vegetal e animal são movimentados por Deus formando a alma vegetativa e sensitiva. A partir do momento em que existe uma estrutura humana ela recebe a alma intelectiva que no primeiro momento se volta para a reflexão do mundo dos seres humanos e posteriormente a alma intelectiva elabora a reflexão metafísica procurando unir-se a Deus. Existe, portanto, um movimento do ser-em-potência para o ser-em-ato, ou seja, um movimento do ser simples para um ser complexo. O ser complexo torna-se uno com Ser Supremo. O mundo inanimado, vegetal, animal e humano possui um propósito de entrar na linha evolutiva em direção a Deus. Existe uma linha de desenvolvimento no planeta Terra que se inicia no reino inanimado e culmina na alma intelectiva metafísica refletindo as características do divino. Tudo se movimenta em direção a perfeição, em direção ao Absoluto que é Deus.

Concluímos que o pensar de Platão leva o ser humano a romper com o mundo; o pensar de Aristóteles não impõe o rompimento com o mundo e sim um movimento natural orquestrado por Deus onde a esfera material é necessária ao processo de desenvolvimento.

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