Plotino (205 – 270), natural de Licopólis, Egito. Foi discípulo de Amônio Sacas por 11 anos. O objetivo da vida é libertar-se do mundo material para reunir-se ao divino e poder contemplá-lo, até o ponto culminante de uma transcendente união mística. Suas últimas palavras resumem sua filosofia: “Procurai conjugar o divino que há em vós com o divino que há no universo”.
Deus é absoluta liberdade criadora, causa de si mesmo, aquilo que existe em si e para si, o transcendente a si mesmo. É o centro e em torno dele, um círculo que irradia o esplendor que emana daquele centro. Em torno do centro e do primeiro círculo, outros círculos: luzes da luz. O divino é o fogo que emana calor, a substância odorosa que emana perfume, um centro que se expande pouco a pouco através de círculos concêntricos. O divino é destituído de forma, mesmo da forma inteligível. Não é nem substância, nem quantidade, nem pensamento, nem alma; não se move nem está em repouso, não está em um lugar. Sem forma, transcendendo toda forma, todo movimento e todo repouso. O divino é inefável, não podendo ser exprimido por palavras. É inominado porque não sabemos dizer nada a seu respeito. Falamos a respeito do divino somente para o nosso uso. Não podemos pensá-lo.
As coisas procedem do Uno pelo processo de emanação, pois a emanação deixa intata a unidade do Absoluto, porque as coisas procedem dele sem que ele o saiba, sem subtraírem nada de sua perfeição. Todas as coisas brotam do divino como de uma fonte. Procedendo as coisas do Um por emanação e não por criação existe certa ordem: primeiro as mais perfeitas, depois as menos perfeitas. A primeira emanação é a Inteligência ou Nous, a única realidade que tem origem imediata no Um. Da inteligência procede a Vida; da Vida, a alma universal e da alma universal a alma de cada homem. A última emanação que procede do Um é a matéria. Esta é a emanação mais pobre e imperfeita. A matéria é boa porque procede do Um e é má porque está no limite mais baixo e distante da emanação. A matéria é má porque está privada da perfeição do Um. A matéria, como última emanação, é um quase-nada.
A alma pode voltar-se para a matéria ou voltar-se para o Um. As etapas do retorno da alma ao Um são três: ascese, contemplação e êxtase. Ascese é a alma desapegar-se do domínio da matéria. Contemplação é ter consciência de ter em si o Um. Êxtase é a união mística com o Um não havendo mais nada entre a alma e o Um, já não há dois, mas Um. No êxtase a alma se vê exaltada e preenchida pelo Uno. A frase que resume o processo do êxtase é o despojar de tudo preenchendo-se de Deus. Diz Plotino: “Tu te acresces a ti mesmo, depois de ter jogado fora o resto: depois de tal renúncia, o Todo se te faz presente; mas, se faz presente para quem sabe renunciar”. A alma pode subir até ele e a ele reunir por sua força e capacidade natural, desde que a alma queira se unir a ele. Êxtase é eliminação de alteridade, separação de tudo aquilo que é terreno.
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